segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

RECONHEÇO QUE ESTOU NO FIM-COMEÇO


(Ao ator Reginaldo Nascimento)


Da névoa ergue-se o homem
& seu quebra-cabeças
Um braço em Jacarepaguá,
o outro no sul da Alemanha,
um pé mergulhado no Índico,
o outro beijando a Baía da Guanabara

A poesia vive disso;
estilhaços, cacos,
frangalhos & rupturas

A força para unir sempre dança
no assoalho-coração-de-ladrilhos

Ouça o tom da canção insistente...
Ouça o esforço que faço para me manter vivo

Foi rolando pelo lombo do mundo
que perdi e encontrei ilhas

Maré alta alternando maré baixa...
Esculturas d'água armadas por olhos escultores

Reconheço que estou no fim-começo
Contigo partilho o sabor das frutas
que nascem em minhas mãos ligeiras
Contigo construo a antena
para captar o raiar dos mormaços

(edu planchêz)

Nenhum comentário:

Postar um comentário