segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
FÓSSEIS COBERTOS DE CÊRA
Fósseis cobertos de cera
perambulam pelas esferas da infância das plantas
que ainda nem nasceram
Um dia minha barba ia ficar branca e ficou
Desenrolando meu cérebro
para me enrolar
no tapete de onze-horas cor de vinho do porto,
estendo as velas de um tempo
para aprisionar num bom sentido
os ventos que vieram dos Andes de muito antes...
é o mesmo que encontrar Mercedes Sosa
plantando avencas
Com um sol em cada vértebra
da coluna vertebral
Componho a canção diamante da juventude
Plumas e flores
Vivências douradas dos muitos anos
que passei desenterrando tesouros
Foram pontas de vidro, espadins,
cravos, milhões de espadas e facas
Mas no fundo da gruta dos escorpiões
havia uma dama cheia de vida
Eis o Ar desse agora
Eis as dancinhas que ora ensaio
Foi jogando pedra no lago e anéis no céu
Foi arriscando, jogando palavras no papel,
cantatas absurdas
(e como gosto dos absurdos!)
que estendi por meus olhos cardumes de canções
Gosto de chamar as canções de peixes,
e não me pergunte o porquê
Gosto de estar nu sobre a cama
enquanto meu gato amarelo compõe algo amassando
o lençol como se amassa pães crus
Olho para as pessoas e as vejo no futuro,
mais gordas, mais velhas ou mais magras
Gostaria de me olhar e me olho
Em minha aventura humana
inclui-se o ser popular arrebatador de multidões;
diria que sou Quevedo, e nem sei se Quevedo
era assim; diria que sou Mick Jagger
e não sou Mick Jagger,
mas encontro razões na flora e na fauna para o ser
Sempre quis ser o novo,
a novidade, o centro das atenções e o sou,
fato absolutamente natural
para um carioca de Jacarepaguá
que pegou carona nas embarcações do Rock
e nos comboios das Escolas de Samba
Depois de tanto viver,
ainda determino viver mais e melhor
Agora que sou mestre do meu nariz e das pernas
38 anos de desejos
Falta aprender tirar proveito da solidão
Desde os 21 anos que caso e descaso
A paixão é uma coisa que parece que vai e vem,
mas ela nunca deixa de estar ali como areia no fundo do mar
O farol daquele confuso filme do Walter Lima Jr.
sinaliza para os barcos
que ora vejo navegar aqui na sala
Aquela personagem,
aquela garota maravilhosa que voava
com as gaivotas está em minha cama
alizando os caixinhos de meus amados cabelos
(edu planchêz)
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