segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
PENTELHOS BLUES
(para o menino Emanuel Rezende)
Nas primeiras horas da tarde
vou estendendo meu esperma
pelas folhas vivas da Costela-de-Adão
A chuva dá o compasso do frio,
minha mão pouco a pouco vai
tomando teu corpo de fotografias
(A primavera brinca nos espelhos)
Recordo dos cometas amigos desses dias
Irael Luziano, o mago das danças astrokaóticas
Poeta das ruas enfermas,
ácido se derretendo nas pedras da existência pagã
Rubens Spírito, mestre dos relógios,
lúcido vulto a debulhar a espigas do todo,
seus pés fedem a luz,
suas mãos tremem aos raios, é ele,
o fazedor de mosaicas lendas
Ricola dos rubros poemas amarelos,
segue solto nas neblinas,
rosnando farto de ventanias,
gozando nas areias das Eras-fêmeas
pronto para o vôo do Imperador azulado
Luiz Beltrame/tintas plásticas tela e ventre
/homem/mulher das tempestades no pomar/
seu país é república fuderativa do prazer/
dos dedos/da morte/ do incenso/ da Índia/
do índio/ do sul-norte do gelo/
do barro moldado com as pupilas do pênis
Irael Deus/ Diabo/ dama pálida/
dama de honra nas fumaças primitivas
Rubens Spírito/ dono do golfo e da baía/
alumbramento de pepitas gosmentas
Ricola, São José dos Campos
não passa de um meteoro de pernas/
seus cães imitam o uirapuru,
quando querem e fodem lobos/lobas/
Márcias de talco/Serpentinas/
Blake/ Allen Ginsberg/Mário Faustino/
Ana Cristina Cesar e o Topogígio
Luiz das galerias/
teu licor anda e pisca aos berros-pigmentos/
puras e manchadas noites
de eternos beijos orvalhados/
no rosto/no triângulo/
na boca abismos de vales e pentelhos blues
(edu planchêz)
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