segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

BARRIGA VEGETAL


A Grande Mãe Batata
dilata os cordéis
de sua barriga vegetal
e dá à luz o magnífico sistema solar

Pedras quebradas
quedam pontiagudas
dando origem às montanhas
e aos narizes das bailarinas
Ana Botafogo,
é ela pisando nos pingos de uva

Os luminosos números do relógio-rádio
A chama laranja da vela branca
A porta verde-escuro do banheiro
A caneta verde-alface usada para registrar
essas palavras, partículas das verdades
espalhadas pelas faces do quarto
das paredes caiadas

O cal é branco,
lembro-me ter visto pedras de cal
exibindo fragmentos de enxofre
em sua bruta composição
numa barreira do Rio de Janeiro

A arte nos redime
Tenho fome de sexo,
sexo de mulher bonita
e não acho que isso seja insensatez

Observo esse Anjo de tantas patas que
come suas irmãs
Há noites-dias que sou um lambedor de flores
e todos os outros bichos
do zodíaco ocidental e chinês

Uma Terra girando dentro da Terra
da minha Terra
Outras Terras também giram
depositando seus pássaros
em nossas cabanas da infância

Resgato a infância das borboletas
nas cavernas de Antônio Eduardo
As aranhas dos milênios
deixaram meu menino assustado
e esse susto perdurou por mil semanas
em espinhos de gelo

Sol, sol,
ouço-te profundamente terrestre
Uvas para Neruda
Uvas para essas princesas que me encantam

(edu planchêz)

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