segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

OS MIL RENATOS



Encontrar riquezas na passagem
de um aliado para a outra margem
O que destoa é esse bago amargo que o fim nos lega
Ver beleza na morte de um amigo
Ver além de ver, ver
Ver além da minha morte
Ver além de ver, ver
Hoje estou calado respeitando o sono das árvores

Eu e Mautner nos falamos ao telefone
bastante comovidoscom a partida
do Renato Russo
O que fica e o que vai se desintegra nos penhascos
Morre um nascem outros: somos todos Renatos

O que fica é a imagem de um alce
bramindo moléculas de sangue aos ciclones
O que fica são esfinges se contorcendo no absurdo
da pálida lua de um outubro antigo perdido entre
os dígitos do voejante calendário

O Brasil que salta dos furos
provocados pelo breu das guitarras
que nunca saíram da chuva,
se entreolha, mirando os mirantes ora ocultos:
São olhos mamelucos aturdidos atarantados
diante das saraivadas
das balas malucas do papoamarelo

Rostos absolutos entre o sono
e o estar desperto se negam imantados:
é a ditadura eletrônica hipnótica
pantomima apodrecida vaporizada
pelos falsos reizinhos estagnados
no pântano televisivo do lindo Jardim Botânico

Os mil Renatos cravarão suas unhas de ouro
nos lombos dos tótens marionetes da grande farsa
Assim como o sertão vai virar mar

(edu planchêz)

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