segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

”LÁ SE FOI MEU DIONÍSIO MORAR NO MONTE GINS”...


Allen Ginsberg morreu,
simplesmente cerrou os olhos
e quebrou a concha do corpo
deixando para trás as tempestades do planeta Terra,
caiu sobre si mesmo na neve de inverno
& rodopia na chuva numa grande roda de luz dourada

A última palavra, que ele pronuciou,
o silêcio das estrelas humanas engoliu
Um homem que morre fazendo poesia... O que dizer?

Allen Ginsberg “perdeu seu corpo”mas tem o meu
Um dia não terei mais esse corpo
mas terei o corpo de meu filho
Allen,
em que América o navio de Homero aportará?
Trago sementes de sangue novo,
sangue de Ginsberg nos rios formosos
de meu corpo agora de Allen

Infalivelmente a poesia renascerá,
isso nossa intensa juventude garante
Duvido que Allen tenha morrido,
Allen Ginsberg nunca morrerá,
algum de vocês duvida?

Se a chuva cai, Allen cai com a chuva
Se um vulcão cospe fogo,
Allen é esse vulcão
e todos os outros vulcões que existem,
que existiram e existirão

Não há uma única estrela
que não seja os olhos de Allen

O corpo físico ficará demasiadamente pequeno
para caber sua grande alma girassol
Todas as palavras que Allen Ginsberg
pronunciou em todas as suas existências
giram em torno da minha cabeça,
de meu pescoço, do meu ventre

Nossa irmandade ultrapassa
os limites da eternidade
Não seria o que sou
se não houvesse encontrado o velho Allen
com sua barba montanhosa pétala do grande girassol,
um dia naquele pequeno apartamento no Bairro de Fátima,
no nosso Rio de Janeiro

Quantas noites levei você para a cama!
Literalmente,
provei o sumo de sua alma e seduzi outros a provarem
Não seria o mesmo se não me chapasse de girassóis

Viver como você viveu
é o que almeja o coração do planeta
para todos os pássaros humanos

As ruas desse país hão de se encher
para sempre de flores nos cabelos

A alma desse país Brasil Terra
usará um chapéu de poesia

Mantos de estrelas
percorrem os corredores dos arranha-céus,
caramelando nossas bocas
com o látex sagrado do tesão absoluto!

Viva o nosso poder de transe perfeito!
Viva os berros do mar dos malucos por vida!
Vivo a mais intensa das paixões
com olhos cheios de primaveras boreais
Sinta o perfume da flor
que ainda não nasceu
na flor-de-lótus do sexo de Allen Ginsberg

(edu planchêz)

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